As vendas e a procura de habitação iniciaram 2024 com uma assinalável recuperação e os preços sustentam também os seus níveis atuais, devendo continuar a subir. As boas perspetivas para a economia e a previsível descida das taxas de juro estarão a contribuir para animar a procura, conforme mostra o mais recente inquérito de confiança ao mercado residencial português, o Portuguese Housing Market Survey (PHMS), realizado pela Confidencial Imobiliário em parceria com o RICS.
O Portuguese Housing Market Survey (PHMS) é um inquérito mensal de confiança desenvolvido pela Confidencial Imobiliário em parceria com o RICS, o qual reflecte o sentimento de promotores e mediadores imobiliários que operam no mercado residencial.
Os indicadores de procura e vendas registaram as maiores recuperações, regressando a terreno positivo após um longo período sob pressão. No caso da procura por parte de novos compradores, passou de um saldo líquido de respostas de -30% em Dezembro para +2% em Janeiro, o que significa ter entrado em terreno positivo pela primeira vez desde 2022. Em termos de vendas, a leitura respeitante ao volume de vendas acordadas passou de -28% em Dezembro para +2% em Janeiro, o mesmo se verificando quanto às expetativas de vendas para os próximos 3 meses. Neste caso, o saldo líquido de respostas evoluiu de -19% em Dezembro para +7% em Janeiro.
“Há uma série de factores a influenciar positivamente a procura e as expectativas quanto à sua evolução. Desde logo, a tendência positiva prevista para o crescimento da economia, desemprego e inflação, bem como a antecipação no corte das taxas de juro. Apesar do momento de instabilidade política que atravessamos, muitos operadores consideram que este conjunto de factores irá permitir uma recuperação progressiva da procura e que os compradores expectantes tomem as suas decisões de compra. Esta recuperação da procura continua, contudo, a ocorrer num cenário de falta de oferta de casas acessíveis ao rendimento das famílias, pelo que deverá ser um factor de aceleração dos preços a curto-prazo”, refere Ricardo Guimarães, director da Confidencial Imobiliário.
Esta retoma da actividade é acompanhada por uma sustentação dos preços no momento actual e acaba por animar, de forma mais expressiva, as perspectivas quanto à sua evolução. Sem prejuízo de sinalizar uma variação residual dos preços no mês em questão, o facto é que o indicador regressa a terreno positivo. Em relação às expectativas para a evolução dos preços a 12 meses, a inversão é bastante assinalável, com o actual saldo líquido de respostas de +28% a contrastar com o de -1% registado em Dezembro. Na prática, tal traduz um importante fortalecimento das expectativas quanto a um possível aumento dos preços ao longo deste ano.
Em relação à oferta, o PHMS de Janeiro mostra que há uma tendência para a estabilização dos fluxos de novas instruções de venda, mas ainda assim mantendo-se em terreno negativo, atingindo-se um saldo líquido de -5% em Janeiro.
“Depois de um período prolongado de adversidade, a actividade do mercado imobiliário parece estar a recuperar, o que está correlacionado com o fortalecimento do desempenho económico do Portugal. As condições económicas a nível global também parecem estar a melhorar e isso deverá dar sustentação ao quadro económico nacional, esperando-se que o aumento do rendimento e do consumo ganhem tracção no próximo ano”, Tarrant Parsons, Senior Economist do RICS
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